A origem do OpenOffice.org remonta ao final da década de 90, quando a empresa alemã Star Division, que desenvolvia desde meados dos anos 80 um pacote de escritório chamado
StarOffice, foi adquirida pela empresa americana Sun Microsystems.
Em 1998, a Star Division decidiu tornar o StarOffice, que estava na versão 5.0, um programa gratuito. Então ela passou a disponibilizá-lo gratuitamente aos seus usuários. Interessada no programa, a Sun comprou a Star Division no ano seguinte. O lançamento da versão 5.2 do StarOffice, já pela nova proprietária, se deu em junho de 2000. Pouco tempo depois, no mês de outubro do mesmo ano, a Sun Microsystems liberou o código fonte da maioria dos módulos do StarOffice para a comunidade de código aberto, lançando assim o projeto OpenOffice.org.
A Sun então passou a desenvolver dois pacotes de escritório: o OpenOffice.org, que era um software livre, gratuito e de código aberto; e o StarOffice, que a partir da versão 6.0 passou a ser desenvolvido com base no OpenOffice.org e se tornou um software proprietário, sendo comercializado pela Sun.
O projeto OpenOffice.org ganhou o apoio de diversas organizações do mundo tecnológico, como Novell, Intel, Red Hat, Debian, Mandrake, Conectiva, além de importantes contribuições de desenvolvedores independentes, ONGs e agências governamentais. Essa comunidade, formada por milhares de programadores e usuários do mundo inteiro, é quem desenvolve o pacote desde então. O desenvolvimento do OpenOffice.org, no entanto, não é feito apenas pelos colaboradores. A Sun coordena as atividades da comunidade e ainda é a que mais contribui para o desenvolvimento do projeto.
Desde o lançamento da versão 1.0 do OpenOffice.org, em 2002, o pacote de programas de escritório já teve mais de 300 milhões de downloads, sendo que destes 100 milhões ocorreram após o lançamento da versão 3.0, em outubro de 2008. Atualmente, o OpenOffice.org se encontra na versão 3.2, lançada em fevereiro de 2010.
OpenOffice.org no Brasil - o BrOffice.org
Estima-se que foi em 2001 que surgiu a primeira proposta de tradução do OpenOffice.org para o português brasileiro, quando um ex-funcionário da Conectiva
Linux se candidatou a coordenar a tradução da suíte, dando seu nome à coordenação da equipe do projeto de internacionalização do OpenOffice.org. Em fevereiro de 2002, Raffaela Braconi, então líder dessa equipe, repassou a função de coordenação da tradução para Claudio Ferreira Filho, que já vinha traduzindo o OpenOffice.org de forma independente e paralela.
Surgiu então o OpenOffice.org Projeto Brasil. Com o reconhecimento do seu trabalho, outras pessoas se juntaram à equipe e desde então o projeto não parou de crescer, passando a desenvolver, além da tradução da interface, funcionalidades específicas para a versão brasileira do pacote. Foram criadas as listas de discussão, o projeto de documentação, o Rau-tu, o projeto Extras e finalizadas as traduções das aplicações e da ajuda do software.
Em 2004, devido a problemas com a marca "Open Office", já registrada em 1996 pela BWS, uma empresa de informática do Rio de Janeiro, foi necessário mudar o nome da comunidade e do programa.
Após coletar diversas sugestões dos membros da comunidade, procurando manter uma relação entre o projeto OpenOffice.org e o público brasileiro e, principalmente, verificando a disponibilidade junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para evitar problemas futuros de registro, decidiu-se que no Brasil o projeto OpenOffice.org seria referenciado pelo nome de BrOffice.org. Em janeiro de 2006 foi anunciado oficialmente o lançamento da ONG BrOffice.org, que passou a organizar as atividades do antigo OpenOffice.org Projeto Brasil.
Não apenas o Brasil teve problemas legais com a marca OpenOffice.org. Em outros países, como a Holanda, por exemplo, a comunidade OpenOffice.org também enfrentou problemas com o registro da marca. Nesses países, no entanto, os problemas foram contornados, enquanto no Brasil a solução só se deu com a adoção de um novo nome. Assim, o Brasil se tornou o único país no mundo no qual o OpenOffice.org recebeu uma denominação específica, de modo que o pacote OpenOffice.org não é mais distribuído oficialmente no Brasil, sendo em seu lugar disponibilizado o BrOffice.org.
Apesar da mudança de nome, o BrOffice.org continuou representando o OpenOffice.org, apresentando todas as características e recursos deste. As diferenças básicas entre os dois consistem basicamente nas adaptações que foram incluídas no BrOffice.org para tornar o pacote de escritório mais próximo do dia-a-dia do usuário brasileiro. Não obstante, a comunidade BrOffice.org desenvolve diversos outros projetos, entre eles os que serão tratados aqui neste artigo: o verificador ortográfico VERO, o dicionário de sinônimos DicSin e o corretor gramatical CoGrOO.
Dentre estes projetos, merece destaque o VERO, responsável pelo desenvolvimento e atualização dos dicionários de palavras que são usados pelo BrOffice.org para realizar a verificação ortográfica dos documentos. Graças a esse projeto, o BrOffice.org possui hoje a melhor correção ortográfica para a língua portuguesa na vertente brasileira, visto que é a única que já segue o Acordo Ortográfico de 1990 em conformidade com as novas orientações da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Além do dicionário para o Português do Brasil, a equipe do VERO também desenvolve dicionários para o Português de Portugal e para o Espanhol do Chile, que podem ser baixados gratuitamente no
site do projeto.
A título de curiosidade, gostaria de finalizar informando que o logotipo do BrOffice.org, assim como o nome, foi desenvolvido de forma a manter uma relação entre o OpenOffice.org e o Brasil: perceba que a marca obedece à cor azul do projeto central, presente também na nossa bandeira, mas agrega o verde, que não está presente no logotipo original. Além disso, as aves, gaivotas no desenho original, ganharam linhas mais dinâmicas, transformado-se nas aves brasileiras chamadas "trinta-réis", presentes em todo nosso litoral.