Preconceito em um mundo livre?

Neste universo livre, devemos concentrar nossas forças em disseminar o conhecimento ao invés de tentar impor superioridade.

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Por: Jonas Vinícios Guartieri de Assis em 21/11/2012


Preconceito em um mundo livre?



Conheci o Ubuntu em 2009, quando mal sabia o que realmente era GNU/Linux.

Ele foi para mim - e para muitíssimos outros - a porta de entrada para este maravilhoso universo livre. Infelizmente, naquela época, por falta de conhecimento e por ter uma conexão horrível (3.2 Kb/s de download), não pude utilizá-lo por muito tempo. Eu apenas baixava a ISO nas LAN Houses a cada nova versão para testar.

Ano passado, quando já estava com uma conexão bem melhor há um tempo, resolvi testá-lo novamente e permaneci por cerca de um mês, mas ainda era muito dependente do Windows, então, acabei removendo o Ubuntu do dual boot porque precisava reinstalar o Windows. Não sabia e nem queria reparar o GRUB.

Durante todo esse tempo, era muito comum ver afirmações desanimadoras para um iniciante, tais como:
"Quem usa Ubuntu não usa Linux. Ele é tão automático quanto o Windows."

"Ubuntu deixou de ser Linux de verdade."

"É coisa de noob...".


Estas afirmações fizeram-me adquirir um preconceito em relação ao Ubuntu.

Preconceito este, que me fez migrar para a Debian, que era conhecida por ser mais complexa em sua instalação mínima. Isto me fez aprender muito sobre a origem do Ubuntu e sobre o GNU/Linux em si, proporcionando uma maturidade que me permitiu rever meus conceitos.

Cheguei à conclusão de que quem diz que "o Ubuntu não é Linux", não sabe nem ao menos o que é GNU/Linux e que não é justo discriminar algo superior sem fundamentos sólidos. O Linux é "apenas" o kernel (núcleo de sistema operacional, responsável pela absorção do hardware), portanto, tudo que se utilizar dele não só pode, como deve, ser chamado e considerado GNU/Linux.

Não estou desmerecendo as distros mais antigas e complexas, tampouco seus usuários. Muito pelo contrário! Elas merecem todo o crédito por nos proporcionar o que temos hoje.

Apenas quero dizer com tudo isso, que esses fanboys que se autointitulam Geeks e gostam de tachar aos outros como noobs não passam de especialistas.

Especialistas esses, que se preocupam em aprofundar cada vez mais em uma única área de conhecimento (distro, neste caso) e quanto mais fundo vão, mais se distanciam da superfície e de tudo que há para ser explorado à sua volta.

Em nenhum momento foi determinado que "Linux de verdade tem que ser complexo". Na verdade, a proposta do GNU/Linux é o oposto, implicando em ser LIVRE e ACESSÍVEL a todos.

Enfim, voltei ao Ubuntu, e com o conhecimento adquirido com as outras distribuições - sobretudo conhecimento em pesquisa e compartilhamento de informações - posso conviver tranquilamente com ele, suprindo todas as minhas necessidades.

Tudo é questão de vontade de aprender e desejo de ser livre.

O GNU/Linux só é o que é hoje, por não ter em sua proposta estes preconceitos.

O projeto sempre visou compartilhar conhecimento para melhorar constantemente.


É nosso dever manter esta chama viva!

   

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Comentários
[1] Comentário enviado por luisrcs em 21/11/2012 - 12:48h

Ótimo desabafo e concordo com tudo que escreveste. E acrescento ainda que o Linux deve muito ao Ubuntu por disseminar ainda mais o sistema. Ele sem dúvida é uma porta de entrada para o mundo de OS opensource.

Agora uma coisa é certa, depois de entrar pelo Ubuntu você vai querer dificuldades que o Ubuntu não oferece. A tendência é que mude para uma distro mais madura, como o Debian ou Slackware.

[2] Comentário enviado por dimasdaros em 21/11/2012 - 13:42h

Concorco com @rei_astro e @jonasvinicios, hoje vejo muitas pessoas que se dizem defensores do Linux "fazerem cara feia" para quem diz usar Ubuntu.
O Linux tem ganhado muito espaço nos desktops graças (inicialmente) ao Ubuntu.

Ele é bem automático? Sim, mas e o que tem de errado nisso?
Como você comentou, Linux já deixou de ser sinônimo de hackers/experts em informática. Você quer estudar a fundo o sistema, não quer as facilidades do Ubuntu? Existe Slack, arch, gentoo e várias outras.
Mas minha mãe, por exemplo, que "está aprendendo a usar tecnologia", ao se deparar com o gentoo não ficaria usando ele por nem 1 minuto, tentaria fazer algo, não conseguiria, deixaria o note de lado.

Há algumas semanas um amigo meu participou de uma entrevista de emprego em uma empresa show de bola aqui do estado, uma das perguntas que eles fizeram para ele foi:

"Nós usamos Ubuntu Server aqui em nossos servidores, algo contra?"

O que você faz em um Linux você faz em outro, por caminhos diferentes somente, não existe melhor ou pior, assim como WindowsXLinuxXMacXSolariaXetc, cada um usa o que achar mais apropriado, e ponto.
Está ficando igual o pré-conceito com os afro-descendentes, muitas vezes eles mesmo possuem preconceito contra eles.

Mas é isso ai, viva a liberdade de expressão

[3] Comentário enviado por cruzeirense em 21/11/2012 - 14:45h

Concordo com o artigo.
Acrescento que não deve existir preconceito contra sistema nenhum, seja Ubuntu, Mint, Windows, MacOs. Se o sistema existe é porque alguém gosta dele.

[4] Comentário enviado por david23.7 em 21/11/2012 - 15:35h

E aí está a grande sacada do mundo livre, se não é bom o suficiente para você, troque, você tem liberdade de escolha. Apenas respeite a liberdade alheia.

[5] Comentário enviado por matiasalexsandro em 22/11/2012 - 00:47h

muito bom. na verdade tem que ser assim para criar portas para o mundo do software livre

[6] Comentário enviado por pinduvoz em 22/11/2012 - 01:28h

Ubuntu é um Linux fácil de usar, assim como o OpenSuse, o antigo Mandriva (quase 100% substituído pelo Mageia) e o PCLinuxOS.

Só falam mal do Ubuntu porque ele fez e faz sucesso, o que me faz afirmar que existe ciúme - e mesmo inveja - no mundo do software livre.

Dos outros que eu citei acima, todos campeões de acessos no ranking do DW em períodos determinados, também falam mal, mas nem tanto quanto falam do Ubuntu.

Minha opinião: uso, gosto e recomendo o Ubuntu. E posso dizer que sou capaz de usar distros muito mais complicadas do que ele, que vão me dar mais trabalho e igual satisfação.

[7] Comentário enviado por Lisandro em 22/11/2012 - 08:27h

Já usei intensamente o Slack e por pouco tempo outras distribuições, como o Debian, Gentoo e o OpenSuse. Atualmente uso um pouco o Slack, o Ubuntu e muito o Linux Mint, então posso dizer que uma das melhores coisas nos sistemas GNU/Linux é que eles fazem o que a gente manda.
O que eu quero dizer é que meu Mint é tão automatizado quanto eu queira que ele seja, assim como meu Slack, posso fazer o mesmo trabalho em qualquer deles.
Agora, quando tinha tempo sobrando e queria aprender sobre cada aplicação eu me dedicava ao Slack onde para cada serviço tinha que ir lá e editar os arquivos de configuração na unha e do zero. Hoje meu tempo é mais raro e prefiro pegar algo mais prático já funcionando, sem me abster de, se achar necessário, abrir um terminal e, assim como faço no Slack, editar os arquivos de configuração do meu Linux Mint na unha.
Mas vamos combinar que a maioria dos usuários comuns não precisam fazer isso, não querem saber disso e pra eles (também para mim quando convém) sistemas como Ubuntu, Mint e outros suprem suas necessidades, são perfeitos.
A vida não tem graça sem se aventurar pelo desconhecido, o mundo só com especialistas seria muito chato, meu lema poderia ser: Quero ser noob para sempre e nunca parar de apreender.
Viva os noobies!

[8] Comentário enviado por jwolff em 22/11/2012 - 08:48h

Cara,muito bom. Conseguiu abordar um tema delicado,sem ser ter uma conclusão pejorativa para nenhum dos lados. O que tu disse,devia ser de ciência de todos,mas muitos que se encaixam nas descrições de "Especialistas",vão ler,não concordar ou se sentir desconfortáveis e provavelmente não mudará a opinião destes.
De qualquer forma,você fez sua parte.

[9] Comentário enviado por rafamb em 22/11/2012 - 10:21h

Parabéns pelo relato jonas, uso linux desde o conectiva parolin e apesar de terem diminuído muito ainda existem pessoas que insistem em querer te dizer o que fazer, pra esse tipo de gente só o que eles fazem presta e o que você faz não serve pra nada.

[10] Comentário enviado por jonasguartieri em 22/11/2012 - 11:46h

Fico muito feliz pela repercussão positivado da minha ideia. Muito obrigado à todos!

A opinião de vocês é de fundamental importância!

[11] Comentário enviado por eelith em 22/11/2012 - 17:37h

sei bem como e isso, sou novo no mundo das distro e tive que começar justamente com o debian. nao posso reclamar tanto pois hoje encontro muito mais informaçoes doque voce em 2009. Mesmo assim acredito que o conhecimento ainda fica na mao de poucos.

[12] Comentário enviado por nicolo em 23/11/2012 - 17:20h

Escrevi um artigo intitulado "Porque o Linux é difícil" onde estava suportando a idéia do Ubuntu de facilitar a vida do usuário,
ou a idéia de tirar o Linux do Laboratório e colocá-lo no desktop. Fui xingado até o último degrau.
O Ubuntu foi (foi, não sei se ainda é) uma tentativa criativa de popularizar o Linux, tornando-o um sistema operacional para todos
e não somente para experts.
Escrevi vários artigos para ajudar a configuração do Ubuntu e do Debian, especialmente na parte multimedia e audio.
Não vejo grandes diferenças entre o Ubuntu e o Debian, pois esse último tem incorporado muito das idéias user-friend do Ubuntu.
O artigo é legal por refletir uma visão de usuário. Parabéns!





[13] Comentário enviado por halleybr em 24/11/2012 - 21:18h

Sempre achei isso uma baboseira tremenda... eu mexo em linux desde o seu inicio praticamente e na epoca existia essa discriminação com quem usava o redhat (a onda do momento era slack, debian e afins)...

Eu hoje rodo um Ubuntu Server LTS na minha empresa em um squid virtualizado com o Xenserver pra 800 pessoas e roda liso... MUITO, digo, MUITO mais liso do que era com o CentOS mas nem por isso eu discrimino o CentOS eu utilizo ele com o Zimbra em nosso servidor pra quase 1000 contas de e-mail e roda LISO, MUITO LISO... e agora estou com um ClearOS rodando em um site pra 25 usuários com VPN fechando com nossa matriz com samba/squid/dns/dhcp tudo em uma maquina workstation rodando liso também.

Resumindo, cabe a você a saber o que você quer e precisa existe inumeras possibilidades para tudo... eu já acho que ubuntu/debian é ótimo para serviço "rede" e o CentOS para estabilidade e tranquilidade.

É isso, eu botei o Linux em uma empresa que achava um software inseguro, porco, feito por amadores e etc... E hoje todos estão contentes lá e nem sabem exatamente o que roda por tras de tudo... so sei que tudo funciona muito melhor que na epoca de M$ isaserver e Exchange.

Abraços

[14] Comentário enviado por clodoaldops em 24/11/2012 - 23:01h

Nós, simples ,usuarios desejamos apenas um SO que seja facil , estavel e seguro. Pq assim gastamos minhas energias c/ outras coisas mais produtivas.
Gostei do artigo!

[15] Comentário enviado por ronilson em 26/11/2012 - 10:07h

Sei o que é isso, comecei a usar linux com os meus 19 anos (Conectiva Linux 4.0, alguém lembra?), mas comecei de forma errada, exemplo: Só me importava em gravar comandos e me interessava muito pouco por programação ou redes, a internet discada também não ajudava muito. Na época trabalhava com eletrônica e a mudança para a área de informática me ajudou a acordar e aprender um pouco de programação e redes, com isso veio a facilidade de baixar os dvd's do Mandrake (lembram), meus colegas falavam que era linux for dummies, não liguei para isso e continuei a usar, veio a primeira prova de certificação e eu, o linux for dummies fui o único a passar (na época a certificação era Conectiva).
Na verdade Linux é Linux, não tem essa de distro ruim, alguns querem a mais fácil e não estão errados, um sistema para Desktop deve ser fácil, usável e atraente para o usuário. Quem não estiver satisfeito com a facilidade que certa distribuição ofereça, é só instalar o blackbox e configurar tudo na mão.

[16] Comentário enviado por hguarilha em 13/06/2013 - 08:28h

Bacana o artigo, acho que é isso mesmo. O preconceito é ruim em qualquer campo, e encontrar esse tipo de coisa em um campo que discute a liberdade... mas esse negócio de "linux de verdade" é complicado demais... acho que esse tipo de coisa nem deve ser levado em consideração. Hélio Oiticica dizia que a pureza é um mito.

[17] Comentário enviado por jaac em 28/12/2013 - 11:52h

Uma vez me disseram que não usariam o Deepin pelo fato dele ser uma distro chinesa.
Um absurdo.

Linux é Linux.

Liberdade acima de tudo. Sem barreiras geográficas e sobretudo sem barreiras de preconceitro.

[18] Comentário enviado por JFurio em 21/05/2014 - 09:26h

Posso usar eu mesmo como exemplo, hoje sou especialista em Windows, trabalho com suporte à microsoft e seus derivados à 7 anos. Comecei a usar Ubuntu exatamente à 2 meses, e à 1 mês troquei para Xubuntu, sei que sou novato, mas "Tirar o gelo" é a coisa mais importante quando se trata de SO, hoje estou muito satisfeito com meu Xubuntu, o que eu preciso funciona muito bem, estou tendo alguns problemas com o áudio e a placa de vídeo, mas nada muito tenso, eu só ainda não tive tempo de resolver. Fui muito influenciado por um colega de trabalho especialista em Linux, e quando ele me mostrou o dele, foi onde eu tive a coragem de trocar. Hoje sou especialista em suporte Windows, e daqui alguns meses, suporte à usuários Linux, conhecer o novo e se dar o tempo de gostar e aprender, só acrescenta no seu currículo e na sua vida. O grande mal é usar uma coisa nova, essa tal coisa dar problema nos primeiros 5 minutos, e logo após desistir, reclamar e ainda falar mal para os outros, muita gente tem é muita preguiça do novo. Viva ao Linux !

(*Não vejo a hora da Unit3D fazer a versão Linux do Unity Web Player para rodar jogos de tiro/ação no Browse)


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