Certas vezes eu me pergunto, como pode alguém achar possível desenvolver um determinado código compartilhando o fonte para muitas pessoas e tudo isso acontecer sem sacanagem ou alguém simplesmente melhorar o código sem violar as condições das licenças abertas. Isso parece loucura, mas fez do Linux o mais bem sucedido projeto deste nível até hoje.

Comparar o modelo tradicional de desenvolvimento de software Catedral e o nosso estilo aberto o Bazar, onde é comprovado quando muitas cabeças olhando o mesmo código ao mesmo tempo, os erros se tornam triviais.

Há quem ainda tenha certas teorias adversas ao modelo bazar, que é meio estranho de entender que funcione, pois pessoas precisam estar motivadas a participarem de um projeto assim, é a mesma coisa como comparar pessoas escrevendo ótimos artigos aqui no VOL, muitos fazem isso sem estar ganhando nada em troca, apenas compartilhando seu conhecimento, mas sabemos que isso é meio que um Curriculum informal, já que hoje as empresas ligadas ao Software Livre vem candidatar pessoal aqui no site ou nos tantos sites, comunidades, ligadas ao Movimento Aberto.

Muitos advertem que muitas pessoas trabalhando em cima do mesmo código tornam as coisas mais lentas e problemáticas, uma vez que uma pessoa só pensa de um jeito totalmente diferente da outra, e aí teriam problemas em disponibilizar uma versão final, já que nunca chegariam a um comum acordo. Pessoas ligadas a tecnologia aberta ou fechada, querendo ou não, tem um ego muito grande, todos querem ter seus momentos de glória, serem reconhecidos, como eu também quero, todos querem seu lugar ao sol, o que nos faz pensar seriamente nesses projetos.

O modelo bazar é um sucesso, mas também precisa ter um líder nato para gerenciar a motivação de milhares de pessoas a escrever e melhorar um código e ainda esta pessoa gerenciar o projeto como um todo, reunir e lançar a versão final quando achar necessário.

O modelo Catedral é ultrapassado, mas ainda tem um legado muito grande, é a mesma coisa que compararmos a linguagem Cobol que ainda está firme e forte no mercado e na maioria das vezes nem percebemos, sistemas bancários, do governo, prefeituras e assim por diante, com as interfaces Web que quase sempre rodam algo como um Java ou PHP ou uma outra linguagem mais de alto nível.

Por trás dos panos, na grosseria da coisa, é o Cobol que faz o trabalho sujo, então por mais que sejamos contra o modelo Catedral ele ainda merece respeito, pois os programadores, muitos apenas gostam do que fazem e não se incomodam em não deixar ninguém ver isso ou saber o que está por trás daquilo, quando um programador sai de uma empresa deste tipo proprietário, é inevitável o cara não levar o conhecimento que obteve, ou aquele mais lunático gênio que sabe todos os fontes de cabeça e é demitido e abre uma concorrência de tanta raiva do antigo patrão...

Isso faz parte das nossas vidas, quem aqui não gostaria de trabalhar o dia todo com software livre, ter um bom emprego, estar feliz e motivado com alguma coisa que gosta e ainda ajudar o mundo a se manter mais limpo dessas besteiras que vimos hoje. Pois certamente todos pensam como eu, por isso morremos de inveja ou de alegria quando vemos um cara que por muito tempo se dedicou a algum projeto ligado com software livre e agora depois de alguns anos é recompensado com um ótimo emprego em uma grande empresa ligada ao mundo Open Source.

Pois bem, estou querendo dizer que temos que manter esta disputa em equilíbrio, quando temos soluções para mais variados fins e os dois modelos podem coexistir sem brigas, uma vez que todas as pessoas não serão favoráveis a tudo aberto, como também tudo fechado, a única diferença, o que é aberto cresce muito mais, devido ao apoio das grandes corporações injetando milhões e liderando projetos importantes como o kernel e outros pacotes famosos como o Open Office, hoje mantido pela Sun.

E em pesquisa recente eu vi o tamanho da ajuda dessas empresas, onde quase 80% das colaborações do kernel oficial do Linux vem de pessoas ligadas a empresas, onde ajudam a manter por uma solução em que sua empresa está ligada e apenas menos de 20% vem de pessoas do resto do mundo, pessoas livres sem nenhuma corporação por trás, então claro, não podemos renegar nossas origens juntamente com o Linus Torvalds e seu senso de união para uso fruto do seu código, mas até ele mesmo quando era jovem tinha dúvida de tornar seu SO livre, até conhecer o nosso paizão Richard Stallman, mas isso é um outro papo.

"Linux pode coexistir com Windows por anos, e ninguém se prejudicar, são meios de vida diferentes, mais ainda somos humanos"