Sobre a aceitação do Software Livre no mercado

Quais as condições necessárias para que a aceitação do Software Livre melhore? Essa é a principal questão por trás deste artigo, que não visa propor soluções, mas sim propor questionamentos que nos levem a uma redefinição de procedimentos.

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Por: Edvaldo Silva de Almeida Júnior em 04/02/2008 | Blog: http://emeraldframework.net


Continuidade



Um Software Comercial é desenvolvido com objetivos bem definidos dentro de um ambiente corporativo. Tem como metas principais a conquista de mercados e a subseqüente lucratividade.

Uma conseqüência disso é que há um compromisso com a continuidade. Um Software Comercial não é abandonado com facilidade pelos seus desenvolvedores. Ele é continuamente melhorado, na tentativa de aumentar seu ciclo de vida e sua lucratividade para a empresa fabricante.

No mundo do Software Livre não temos sempre esse tipo de comprometimento. Há inúmeros exemplos de projetos que começaram e foram descontinuados, ou que se dividiram no meio do caminho em dois ou mais projetos diferentes.

Onde ficam os usuários diante dessa realidade? Coloque-mo-nos por um instante no lugar deles. Como seria se tivéssemos de investir tempo e treinamento (coisas que representam dinheiro!) num software, apenas para vê-lo descontinuado dentro de algum tempo?

Essa, no meu ver, é uma das principais razões da resistência de algumas empresas na adoção do Software Livre. E para combatermos essa resistência, temos de estabelecer padrões de desenvolvimento diferentes, possivelmente estabelecendo um compromisso público com a continuidade dos projetos.

Aí encontra-se, porém, um outro obstáculo. Como exigir esse comprometimento de uma equipe totalmente descentralizada e que, em muitos casos, trabalha em caráter voluntário?

Nós que estamos habituados ao mundo do Software Livre sabemos que os verdadeiramente apaixonados por um projeto não o largam com facilidade. Nossos usuários potenciais, porém, estão fora do nosso universo e não têm essa visão. Por isso temem que projetos sejam abandonados e que seus investimentos se percam.

Como podemos convencê-los do contrário?

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Páginas do artigo
   1. Atendendo requisitos e mudando estratégias
   2. Continuidade
   3. Metas e prazos
   4. Suporte
   5. Facilidade de uso
   6. Possibilidade de alteração
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Comentários
[1] Comentário enviado por nicolo em 04/02/2008 - 14:38h

Está bonito e simplório. O opensource vive numa corda bamba que seria o jogo de distribuição voluntária de compensação da teoria dos jogos. O opensource é opensource porque se recompensa, ou se remunera por ele o que ele vale no jogo, e essa recompensa é mais abrangente que a remuneração pecuniária direta. Parte dele já sucumbiu ao vinculo direto com o lucro, só não é fechado porque a recompensa por ser aberto permanece. O caso do Red Hat é um exemplo de recompensa indireta.

O fato de ser aberto torna-o popular, quesito sine que non para o lucro, a menos que você tenha um software de CAD 3D para projeto direto com banco de dados, ou also similar.

O aberto, significa socializar os custos, e doar algo em troca mantendo o plus que dá o lucro líquido em suas mãos. Esses são os Linux empresariais.

No outro extremo estão os puristas que vivem de doações e venda de propaganda e outros serviços, além das contribuições , como o debian.

Em grande parte o software aberto tem chance de sobreviver se o custo de desenvolvimento, manutenção e popularidade superarem as receitas.

Manter fechado é muito lucrativo e muito caro. Mante aberto é muito barato, mas a sua receita precisa vir de algum lugar.

Enquanto houver esse suporte doador de trabalho e dinheiro, ou seja enquanto os usuários entenderem que precisam retribuir ele sobrevive.

[2] Comentário enviado por frajap em 04/02/2008 - 14:56h

Gostaria de colocar um ponto.

Normalmente leio sobre essa balela de que o consumidor (empresa) não se sente seguro para migrar para Linux pois caso haja algum problema no software (sist operacional, banco de dados...) não tem a quem reclamar. Ora eu pergunto, se esse consumidor (empresa) vai migrar para Linux nada mais óbvio que ele migre para alguma distribuição comercial como Suse ou Red Hat. O consumidor (empresa) vai ter sim, suporte ou melhor, vai ter a quem reclamar.

Quanto ao usuário doméstico, quem é que vai reclamar com o tio Bill que o seu software está com problema, quando na esmagadora maioria das vezes o software do usuário doméstico é, como poderíamos dizer, genérico.

Então o que falta mesmo é coragem a essas empresas, fruto de uma boa propaganda anti-SL assim como comodismo.

E nisso, dinheiro que deveria ser utilizado para modernização do parque de máquinas/servidores, escorre para o ralo na compra e atualização de licenças.

[3] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 04/02/2008 - 15:16h

nicolo

Perdão se não me fiz entender correntamente. O artigo não discute a questão da remuneração do opensource, mas sim questões relativas à qualidade do desenvolvimento do opensource.

Apesar de ser matemático por formação acadêmica e um sincero admirador do Nash (pelo seu talento e pela sua experiência de vida extremamente conturbada), não pretendi entrar nos domínios da Teoria dos Jogos, mas simplesmente (e por isso talvez tenha parecido simplório) discutir estratégias para garantir um desenvolvimento de melhor qualidade.


[4] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 04/02/2008 - 15:31h

frajap

Concordo que é uma balela, mas insisto em que devemos cuidar dessas balelas, pois como diria o nada saudoso J. Goebbels, "uma mentira muito repetida tem força de verdade".

Realmetne as pessoas não vão reclamar com o "tio Bill" quando o Word dá pau ou quando o Windows trava, mas elas sentem uma forte segurança psicológica por causa da existência de uma instituição por trás daqueles programas. O que quero é achar um modo de modificar essa visão, dando uma segurança maior ao usúario de SL.

[5] Comentário enviado por everton3x em 04/02/2008 - 16:52h

Não entendi a seguinte colocação do colega nicolo:

"Em grande parte o software aberto tem chance de sobreviver se o custo de desenvolvimento, manutenção e popularidade superarem as receitas."

Como sobreviver se o custo supera a receita?

[6] Comentário enviado por GilsonDeElt em 04/02/2008 - 17:02h

Gostei do artigo!

Já tá nos favoritos!

[7] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 04/02/2008 - 19:49h

Valeu, gilsonElt!

[8] Comentário enviado por oliviofarias em 04/02/2008 - 22:31h

Eu adorei seu artigo por inteiro, tanto que recomendei meu ex patrão (que não gosta de linux) a ler todo seu artigo. Acho que agora ele irá gostar dessa maravilha que é linux.
Parabéns pelo artigo...

[9] Comentário enviado por f_Candido em 05/02/2008 - 00:08h

Muito bom, assunto bem abordado e de forma real. Parabéns.

Abraços

[10] Comentário enviado por cruzeirense em 05/02/2008 - 10:20h

Ótimo artigo. Na minha opinião o ponto fraco do open source é a insegurança do usuário quanto a suporte e continuidade.
Já utilizei suporte técnico de algumas empresas grandes (DLink, HP e Microsoft) e fiquei realmente surpreendido com a qualidade dos mesmos.
A única coisa chata e a parte burocrática para confirmar o produto que você comprou, mas no mais é realmente muito bom.
Nesse ponto acho que não vai existir software livre que supere software comercial.
Vou listar aqui os softwares livres que utilizo (utilizo realmente) na minha empresa:

BrOffice 2.3
Interbase 6.0

Abraços...

[11] Comentário enviado por rgmmelo em 05/02/2008 - 17:49h

Bem legal o seu artigo!
Eu sou estagiário num laboratório de simulação computacional, e lá há quase uma política de anti-software livre.
Numa reunião o diretor do laboratório estava procurando um certo tipo de software e foi proposto por um dos presentes adoção de um software livre, desenvolvido pela própria universidade, de cara foi rejeitado pois o diretor disse que não confiava, pois na hora do problema não há ninguém pra resolver. Sendo que os dois servidores que tem lá são linux
Resultado, compram software carissímos e quando dá problema se for o windows reinstala que é vírus e se for qualquer outro da área de simulação de processos, a culpa é do aluno que não sabe mexer, ou seja, pagam por uma "pseudo-segurança" já que não há um suporte tão grande assim pelo licenciador do software.

[12] Comentário enviado por adrianoturbo em 05/02/2008 - 22:07h

A aceitação do Linux no mercado já é realidade só alguns cegos fundamentalistas que não enxergam isso ,basta averiguar as missões críticas,bancos de dados ,firewalls,emails,páginas webs e etc.
Algumas empresas como a Microsiga já estão desenvolvendo sistemas de gestão empresarial baseados na plataforma Linux.
O Linux não deixa nada a dever a plataforma proprietária o que falta é incentivo ,capacitação técnicas e força de vontade de algumas pessoas para sairem da escuridão.

[13] Comentário enviado por pmichelazzo em 06/02/2008 - 02:51h

Caro Edvaldo,

Gostaria de comentar algumas partes de seu artigo trazendo uma visão que certamente é diferente da sua.

A questão de continuidade não é problema para o FLOSS (Free/Libre Open Source Software) há muito tempo. Se o Gnome parar, existe o KDE e mais outras 4, 5 interfaces. Se o OpenOffice parar, existem mais outras 3 ou 4 suítes de escritório. Se o MySQL parar, existe o PostgreSQL, Firebird e outros bancos. Se o Sendmail parar, existem o Postfix, o Qmail e assim por diante. Então este problema não é problema.

Metas e prazos são idênticas tanto no mundo do software proprietário como do FLOSS: elas não são cumpridas, seja pela Oracle, pela IBM, pela Apple, pela Microsoft, pela Gnome, pela Mozilla, pela MySQL. Ou seja, mais um ponto que não é problema pois se ninguém cumpre, não se pode reclamar.

Suporte é algo interessante. O suporte da Apple e da Microsoft são risíveis. Da mesma forma existem aplicativos e projetos de FLOSS que não possuem suporte. Assim sendo, quem está acostumado com o suporte Microsoft "made in Chile" pode se contentar com qualquer outro do FLOSS. Resumindo, também não é problema.

Facilidade de uso. Acho que este é o único ponto que posso concordar em termos contigo. Os grandes softwares não possuem manuais em português (SAP, Oracle, Websphere, etc). Assim, não é possível também reclamar do FLOSS. Em contrapartida tenho que afirmar e concordar contigo que existe uma deficiência muito grande na documentação do FLOSS. Como ela é voluntária em sua grande maioria, fica a desejar e muito.

Possibilidade de alteração. Sem comentários ;)

Custos. Cuidado com esta seara. Pode-se maquiar números da mesma forma que é possível deixar uma menina de 15 anos parecendo uma ninfeta grega. A conta deve ser dividida e não colocada toda em um bolo.

Finalmente, penso que baseado nestas "regras" estamos "pau a pau" com o software proprietário. Entretando você esqueceu de comentar o principal problema do FLOSS para sua adoção: marketing. Não temos um Steve Jobs e tampouco um Bill Gates deste lado. Assim meu caro, não tem projeto ou software que emplaque. Quer queira quer não estes dois ícones da computação são marqueteiros que colocam qualquer DPZ e DM9 no chinelo. Este sim é o grande problema. O FUD é tão grande do lado contrário que mesmo fazendo o melhor software não conseguimos dizer as empresas isso. E neste caminho perdemos terreno.

Abraços
Paulino

[14] Comentário enviado por everton3x em 06/02/2008 - 08:43h

Achei o comentário do colega Paulino muito pertinente, principalmente no que se refere à questão do marketing.

Temos que considerar, sobre a questão do marketing, que existe um grande capital por trás de softwares proprietários como o MS Office e o MS Windows, exercendo influência sobre governos, mídia, além de financiarem grandes campanhas de marketing e bancando "estudos" para provar que o software proprietário é melhor, principalmente no que se refere aos custos.

[15] Comentário enviado por clinux em 06/02/2008 - 08:58h

O artigo está muito bom e levantou questões com pontos de vista diferentes muito interessantes. Seguindo o rumo do assunto, acho que para ajudar a alcançar parte do objetivo de cada ponto em questão, a comunidade do Software Livre precisa de apoios universitários para formar pessoas com boa base sobre o assunto e que estão preparadas para enfrentar estes desafios na sua carreira profissional, mostrando também as boas oportunidades de mercado que esta comunidade oferece.
Nas universidades/faculdades poucos são os professores que falam sobre o assunto ou que indicam ferramentas open source para os estudos e trabalhos realizados durante a formação, já para o mundo proprietário a própria instituição já molda os alunos, instigando-os a utilizarem o software proprietário XXX, pois a empresa que o forneceu permitiu uma distriuição gratuita sem o custo da licença. Portanto, cria-se pessoas utilizadores daquela ferramenta e não um bons conhecedores da tecnologia ou conceito que podem facilmente utilizar qualquer outra ferramenta. Isto também é um grande marketing.
Espero ter contribuido!

[16] Comentário enviado por pmichelazzo em 06/02/2008 - 09:08h

Caro Clinux,

A questão universitária está profundamente ligada ao marketing. Exceto uma boa parte dos professores da rede pública de nível superior, o restante não sabe, não quer saber e tem ódio de quem sabe o que é FLOSS, principalmente aqueles professores de faculdades que possuem seus projetos educacionais baseados em "parcerias" com as maiores empresas de TI do planeta.

Volto a afirmar, o marketing é nosso maior problema. Se o marketing do FLOSS fosse tão bom quanto o da Apple, meu amigo, teríamos pinguim até pelado no carnaval do Rio de Janeiro.

Saudações
Paulino

[17] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 07/02/2008 - 09:44h

Prezado Paullino,

Não pretendi, em momento algum, estar 100% certo sobre o assunto. Como eu disse na apresentação do artigo, o propósito não é resolver questões, mas levantá-las. Sou um ardente defensor do debate democrático, bem como do Software Livre.

Gostaria, portanto, de contra-argumentar com você no tocante a algumas das posições por você expostas.

Você escreveu: "A questão de continuidade não é problema para o FLOSS (Free/Libre Open Source Software) há muito tempo. Se o Gnome parar, existe o KDE e mais outras 4, 5 interfaces. Se o OpenOffice parar, existem mais outras 3 ou 4 suítes de escritório. Se o MySQL parar, existe o PostgreSQL, Firebird e outros bancos. Se o Sendmail parar, existem o Postfix, o Qmail e assim por diante. Então este problema não é problema."

Interessante esse seu posicionamento, mas sugiro que se coloque no lugar do empresário que quer escolher software para sua empresa. Se o Gnome parar e passarem a usar o KDE, algumas tarefas fcarão mais lentas até que os funcionários entrem em total afinação com a nova plataforma. Para que essa adaptação seja completa, talves venha a ser necessário algum treinamento, que representa custo. Temos aí um binõmio que assusta empresários: TEMPO e CUSTO.

Além do mais, você restringiu esse comentário a programas de uso geral como ambientes gráficos e suítes de escritório, mas temos também de ver esse conceito do ponto de vista dos aplicativos específicos. Coisas do dia-a-dia, como Estoque, Controle de Contas e coisas assim. É bem verdade que há pouco em materia de SL nessa área, mas penso que deveria haver mais, para ganharmos mais espaço.

Concordo integralmente com o que você diz sobre metas e prazos. Ninguém as cumpre, e os grandes menos que todos. Mas é justamente aí que podemos fazer a diferença, não acha? Por que nivelar a coisa por baixo? Se eles não cumprem metas e prazos, ganharíamos fazendo isso.

Idem em relação ao suporte. Se eles dão um mau suporte, isso é desculpa para que façamos o mesmo?

No tocante à documentação também concordamos.

Agora, porém, é que vem o ponto principal: possibilidade de alteração!

Sou desenvolvedor de software há 25 anos. Nesse quarto de século, aprendi que é muito difícil, mesmo para um ótimo programador, fazer alterações num software que não é dele e que está mau documentado.

Como ambos concordamos que a documentação do SL é pouca, talvez tenhamos de considerar que talvez não seja tão fácil assim mudar um programa open source. E não estou falando em configuração, mas em codificação mesmo. Os fontes estão la, mas há várias barreiras: carência de documentação; falta de traduções; estilos de programação.

Quanto ao marketing, você está coberto de razão! Não me consta, inclusive, que o Bill Gates seja um grande desenvolvedor de software. Ele é, sim, um grande empresário e um grande marketeiro. Gostaria de saber quando foi a última vez em que ele sentou diante de um micro para hackear um pouco. Tenho certeza de que faz muito tempo! rsrsrsrs

Obrigado por ter contribuído com seus comentários. E espero que possamos debater mais, se assim você desejar.

Cordialmente,

Ed Lonewolf

[18] Comentário enviado por vlxjunior em 07/02/2008 - 16:16h

edlonewolf,
Parábens pelo artigo, o mesmo está bem maduro e sensato.
Os pontos abordados são pertinentes, principalmente no que diz respeito a aceitação das empresas em releção custo/benefício, com certeza essa questão é a mais "pensada" pelos empresários.
A explanação dos colegas foi, com certeza, a altura do artigo e pela discussão acima dada pelo tema tenho que concordar com a proposta do autor do texto na sugestão que o mesmo propõe em fazer um fórum sobre esse tema, pois o esse assunto é bem polêmico o que geraria ótimas discussões.
Abraços

[19] Comentário enviado por pmichelazzo em 07/02/2008 - 16:33h

Caro Ed, boas

De baixo para cima, claro que podemos debater. Sempre quando o debate é de bom nível, todos ganham. Somente vou tirar aquilo que concordamos para a "tread" não ficar absurdamente gigante.

Não vejo problema no comentário que fiz sobre a questão relacionada a alteração. Isso é inerente somente ao software livre. Assim sendo, esta comparação não poderia ser realizada por um empresário "coerente" pois somente nós damos esta oportunidade à ele. E por isso, não comentei a possibilidade de alteração.

A questão do suporte não deve ser nivelada por baixo, claro. Mas voltando ao meu pensamento (que estava escrevendo como um "empresário") este não seria um ponto que me tocaria. Ambos são ruins. Claro que se o FLOSS mostrar que sabe fazer, seria um peso a mais na balança mas como a comunidade é um lixo e a documentação/suporte é outro, deixo este ponto de lado.

O ponto que realmente divergimos é na questão relacionada a troca de aplicativos. Ora, a Microsoft faz isso a cada dois anos e ninguém chia. Todos os pontos que você levantou (custo de re-treinamento, implantação, migração, etc) já estão na planilha deste fictício empresário pois ele sabe que é assim que funciona o mundo proprietário. A Oracle, o mesmo, a SAP, o mesmo, a H&P, o mesmo. Cansei de re-treinar profissionais em sistemas porque companhias resolveram simplesmente "matar" um sistema e colocar outro em seu lugar. Assim, creia-me, quando escrevi já levava em conta este ponto e como já tive que trabalhar com budgets onde tinha que prever isso, nem me preocuparia se isso é inerente ao processo ou não. Simplesmente é como um apêndice: está lá e ninguém sabe porque ;)

A questão ao meu ver ainda é o marketing e o contra-marketing (este ainda é pior). A dita "comunidade" de FLOSS é extremamente xenófoba, radical e egocêntrica. Isso tudo afasta o "business" do processo e principalmente aqueles "de terno e gravata" que são os que pagam as contas. Quando esta aprender a usar "terno e gravata", a coisa muda.

Digo isso sem medo de ser apedrejado. Já fui muito radical, muito, digamos, violento em certos aspectos relacionados ao FLOSS. O que aprendi? Que pancada não resolve e que ideologia não enche barriga. Se vamos ganhar, temos que jogar a regra do jogo e não dizer que as regras estão erradas. Estão? Sim, estão. Então fica de fora, cria seu campinho, compra uma bola e não venha querer jogar o jogo do lado de cá. Isso eu chamo de contra-marketing.

O marketing em sí nasce justamente no ponto onde o contra-marketing morre. Neste momento, não tem proprietário que aguente pois teremos suporte decente, aplicações reais, funcionais e duradouras e documentação exemplar. Até lá, fiquemos aqui conversando que está de bom tamanho ;)

Saudações
Paulino

[20] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 07/02/2008 - 17:28h

Paulino, meu amigo,

Agora você tocou no ponto exato. Esse radicalismo e essa noção distorcida de "liberdade" têm causado danos à causa do FLOSS.

Apesar dar ligeiras divergências em alguns pontos de menor importância, creio que ambos concordamos que o que falta é um aspecto maior de profissionalismo na turma do FLOSS.

Nosso "perfil médio" está mais para John "Maddog" Hall do que para Bill Gates III. Acontece que no mundo dos negócios aquela imensa barba não é muito popular... rsrsrsrs

Não quero que percamos a liberdade de criar, mas sim que desenvolvamos seguindo critérios mais profissionais e, principalmente, que divulguemos o FLOSS de forma mais profissional.

Cordialmente,

Edvaldo

[21] Comentário enviado por pmichelazzo em 08/02/2008 - 00:37h

Olá Edvaldo,

Maddog, de quem sou amigo pessoal, tem um trânsito dentro do mundo corporativo muito maior do que pode-se imaginar. Já estive com ele em vários estados brasileiros e em vários países e suas reuniões pré e pós evento são algo para sentar e aprender muito. Sua oratória não é somente boa no palco, é também no "tete-a-tete". E tudo isso mesmo com a barba e a cara de papai noel (tempos atrás perguntei à ele se não iria cortar a barba e só recebi como resposta uma olhadela por cima dos óculos que gelou a minha espinha de cima em baixo ;)

Eu não sei ainda qual é a receita "do sucesso" para a comunidade de SL. Caminho nos três extremos desta "comunidade" (radicais, business e governo) e ainda não consigo ver onde está o elo de ligação entre elas. Vai saber, pode ser que minha idade esteja começando a me pregar peças ou não existe mesmo.

Como você, não quero nem ao longe perder a liberdade de criar, mas daí a ter que aguentar fedidos ao meu lado, quero não ;)

Saudações
Paulino

[22] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 08/02/2008 - 08:56h

Paulino,

Citei o "Maddog" apenas para fazer diferença entre o visual dele e o do "Tio Bill", sempre tão convencional e comportado. Nenhuma inetnção de desprestigiá-lo, é claro. Estive recentemente numa palestra dele num encontro de SL no Nordeste (Pernambuco) e realmente ele tem uma grande força de oratória.

Também não sei se existe uma "receita do sucesso" para o SL. Se alguém me mostrasse uma eu provavelmente desconfiaria dela profundamente. Sempre desconfiei de receitas prontas. Isso é algo que a idade e a experiência na cozinha me ensinaram. Você pode testar muitas receitas, mas só vai saber se a comida ficou boa quando provar dela.

O que sei é que acredito no SL e creio que podemos ganhar muito mais espaço do que o atual, se desenvolvermos uma atitude diferente.

Não podemos nos iludir. Não teremos verba para propaganda na mesma proporção do software proprietário tão cedo! Temos de ganhar, portanto, em outras áreas.

A proposta desse artigo foi justamente essa: levantar a bola para uma discussão séria sobre os rumos do processo de desenvolvimento / divulgação do SL. Fico feliz que várias pessoas tenham contribuído com comentários, pois isso e um claro indicativo de que a necessidade de debate sobre esse tema já é patente.

Como participante da Oasis, tenho visto com bons olhos a expansão do XML e dos formatos abertos. Esse pode ser um rumo para a popularização, uma vez que a utilização destes pode dar mais segurança psicológica para os usuários, mostrando que há qualidade por trás do que é aberto e livre.

Projetos como o OpenOffice.org e o Mozilla Firefox, para citar apenas estes, também tem aberto portas immportantes. Fico feliz quando chego num lugar e descubro que lá usam esses programas. Sempre que posso faço questão de relacioná-los com o movimento do SL, pois nem sempre os usuários são conscientes do que estão usando. Essa síndrome do "baixar pela web e crackear" tem feito com que muita gente perca a distinção entre software livre e software proprietário, já que no final sai tudo de graça mesmo.

O caminho é longo e já adverti meus filhos, hoje adolescentes, de que talvez apenas eles ou os filhos deles venham a ver a vitória do SL. Mas sou um homem paciente, satisfeito por poder dar hoje minha modesta contribuição e esperar.

Sun Tzu diz que "a suprema arte do combate está em não combater", e eu fico com ele nesse ponto. Não se trata de fazer guerra ao software proprietario, mas de criar meios para que o SL seja tão bom e tão poderoso que vençamos essa guerra de forma natural, sem combate.

Isso acontecera quando adequarmos um pouco nossa mentalidade, achando um espaço entre "engravatados" e "fedidos", uma posição de centro.

Os chineses, que há milênios chamam o seu país de "Império do Centro", valorizam sobremodo essa visam de adequação, acomodação. E não é que o seu comunismo com capital e Coca-Cola tem dado certo. Você viu as taxas de crescimento deles? E ontem li que a China foi considerada por pesquisadores americanos como uma concorrente superior em termos de Tecnologia. Em 1940 era um país agrário e desnutrido, hoje uma potência mundial. Uma situação comparável à do Software Livre hoje, diante do Software Proprietário. Um bom exemplo a ser observado.

Depois de tantos "flame wars" que tenho visto aqui, muitos por razões insignificantes, é também um prazer encontrar um debatedor como você.

Um abraço,

Ed Lonewolf

[23] Comentário enviado por pmichelazzo em 09/02/2008 - 08:16h

Olá Ed,

Agradeço pelo debate. Normalmente a visão pragmática não existe na comunidade e raras são as vezes que podemos nivelar por cima.

Quanto a questão dos "engravatados", quem sabe em breve não nasce algo no Brasil que pode ser o começo disso? Quem sabe ;-)

Abraço
Paulino


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