Talvez você pergunte: "Por quê diabos eu migraria para o
Arch Linux?". Ofereço algumas respostas, escolha as que mais o agradar:
1. Porque é muito divertido "construir" o sistema quase do zero ao seu gosto.
2. Porque durante o processo de instalação pode-se aprender alguma coisa.
3. Porque o o Arch Linux é um sistema moderno, sempre com as versões mais atuais dos programas.
4. Porque o Arch Linux é "rolling release", ou seja, você só precisa instalar o sistema uma vez, o que evita ficar baixando novos CDs a cada nova versão.
5. Porque você pode executar o comando para atualizar todos os pacotes sem ficar no suspense se isso vai ou não quebrar o sistema, ou seja, a ferramenta do sistema não abre a possibilidade para ferrar com o mesmo.
6. Porque o Arch Linux é otimizado para arquitetura i686 e x86_64.
7. Porque é possível criar seus pacotes para o Arch Linux de maneira relativamente fácil.
8. Porque para o Arch Linux há um repositório de pacotes criado e mantido pelos próprios usuários e, através de votação, os pacotes desses repositórios podem se tornar oficiais.
9. Porque o Arch Linux proporciona a experiência de usar um sistema leve e enxuto.
10. Porque se você não gostar da experiência, terá argumentos sólidos para justificar a escolha de outra distribuição.
Antes de querer instalar o Arch Linux você precisa saber de algumas coisas. É importante saber que ele foi feito para arquiteturas i686 em diante. Quer dizer que se sua máquina for muito antiga, talvez não suporte o Arch Linux. Para obter essa informação use o comando:
uname -a
Que resultará em algo mais ou menos assim:
Linux archlinux 2.6.30-ARCH #1 SMP PREEMPT Fri Jul 31 18:10:38 UTC 2009 i686 AMD Sempron(tm) Processor 2800+ AuthenticAMD
GNU/Linux
Muitas distribuições são "genéricas", feitas para todas as arquiteturas, como por exemplo,
Ubuntu e
Slackware. Porém há quem diga que uma distribuição compilada especificamente para um determinada arquitetura possui um maior desempenho. Essa é também a filosofia da distribuição
Gentoo, onde o usuário define todos os parâmetros de compilação.
Outra coisa: se sua conexão for ruim, não o aconselharia a instalar o Arch Linux. Ele é constantemente atualizado, sempre haverá uma coisinha para baixar/atualizar. Além disso, o processo de construção do sistema requer conexão com a internet.
Outra coisa que você precisa saber é que instalar e configurar o Arch Linux leva um pouco de tempo. No Ubuntu é tudo rápido, basta seguir sete passos e esperar alguns minutos. No Slackware também, basta escolher instalação "full", esperar um pouco e estará quase pronto. Prepare-se para gastar um dia inteiro na instalação e configuração do Arch Linux. Mas claro que se sua conexão for boa, você terminará mais rápido.
Tem gente que acha que um dia é muito tempo para instalar e configurar um sistema, mas se lembrarmos da distribuição Gentoo, veremos que um dia não é nada, pois nele, devido a compilação, o usuário pode levar três dias ou mais para deixá-lo usável.
Com certeza há pessoas que fazem tudo de forma mais rápida, devido a prática, porém, só estou avisando para que você não se sinta frustrado se não estiver com o sistema "redondinho" logo após ter terminado de baixá-lo.
Princípio da baboseira
Gostaria de me expressar sobre um assunto que pode parecer confuso para usuários iniciantes.
Dizem que a filosofia do Arch Linux é semelhante à filosofia do Slackware: simplicidade acima de tudo. Isso pode parecer estranho, e talvez você pense: "Se simplicidade é essencial, por que diabos o o Slackware não resolve dependências? E porque o Arch Linux não oferece instaladores gráficos como o Ubuntu? Parece que essas distribuições não tem nada de simples, só complicam! O Ubuntu sim, preza pela simplicidade!".
É importante ressaltar que não devemos confundir simplicidade com facilidade. Os princípios
"KISS" (
Keep It Simple, Stupid) e o "
Keep it simple, keep it lightweight" dizem que se algo pode ser feito manualmente, através de edição de textos, não é necessário utilização de ferramenta em modo gráfico, pois isso seria adicionar algo ao processo, tornado-o desnecessariamente mais complexo e menos leve.
Há também os que são da opinião de que ferramentas gráficas em excesso podem mascarar o que realmente está acontecendo com o sistema e isso pode impedir que o usuário resolva eventuais problemas, que exigiriam um conhecimento daquilo que está por baixo da capa gráfica.
Minha visão a respeito disso é apenas uma: baboseira!
O usuário não quer saber mais do que o suficiente para realizar suas atividades rotineiras, porém, como muitas vezes não tem escolha, em se tratando de Arch Linux, ele forçosamente acaba tendo que aprender a editar arquivos de texto para configurá-lo. Essa é a verdade.
O objetivos do programador é realmente facilitar a vida do usuário, ele é quem tem que conhecer o que ocorre com os programas em níveis mais baixos, o usuário não tem obrigação de entender TUDO o que está acontecendo por trás das ferramentas gráficas de configuração. Claro que quanto mais conhecimento, melhor. Mas não há nada que indique que a forma mais trabalhosa seja mais eficiente que fazer as coisas de forma mais intuitiva.
Tempo é algo precioso e não pode ser desperdiçado na realização de certas tarefas hierarquicamente inferiores ao objetivo real do usuário. É para isso que os programadores são pagos.
"Se não quer trabalho, não migre para o Arch, continue com o Ubuntu!", alguém poderá dizer. Acontece que você pode querer migrar para o Arch Linux, não porque gosta de trabalho, mas porque acha que ele oferece certas vantagens sobre o Ubuntu ou outra distribuição e, principalmente, porque depois da fase trabalhosa de instalação e configuração, ele se torna tão fácil de usar e manter quanto qualquer outra distro. Na verdade a manutenção do Arch Linux é ainda mais fácil que a do Ubuntu.
Princípios que podem ser expressos na forma de acrônimos, muitas vezes, não devem ser levados muito a sério. Saiba que se o "KISS" fosse algo para ser seguido à risca, o Arch Linux também não resolveria dependências, assim como o Slackware, mas ele resolve! E se a falta de ferramentas gráficas fosse um característica sempre seguida, o Slackware não teria o
Pkgtool e outras ferramentas "ncurses" que facilitam e muito a vida do usuário na hora de configurar e instalar o sistema.
Filosofias, princípios, objetivos, "feitas para usuários X", "feitas para usuários Y", blablabla... Esses rótulos não significam nada. Em se tratando de Linux, não é o usuário que deve se adequar ao sistema, mas o sistema é que se adéqua ao usuário.
Achar que a distro diz algo sobre o usuário é puro preconceito. Há iniciantes que usam Slackware, há "experts" que usam Ubuntu. Tudo depende de gosto, da função do sistema e também de quanta documentação e ajuda o usuário é capaz de encontrar na internet.