Migração de Software Proprietário para Software Livre em Instituição Pública

Nesse artigo descrevo brevemente como ocorreu a migração na instituição onde trabalho, com o objetivo de ajudar companheiros que futuramente tenham que realizar algo semelhante. Deixo meu relato e espero poder ajudar alguém.

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Por: Evandro Renato Molski em 18/09/2009


Desenvolvimento



Tão logo se definiu que a migração seria realmente realizada, começou-se um estudo para levantar qual seria a distribuição Linux a ser utilizada, uma que melhor atendesse as necessidades da instituição, no caso com uma suíte de escritório compatível com as extensões da suíte anterior, um browser para navegar na internet compatível com os sistemas online utilizados pela instituição, que tivesse uma interface semelhante ao Sistema Operacional anterior, e que fosse estável e de fácil configuração e manutenção.

Optou-se então pela distribuição openSUSE, com pacote de escritório OpenOffice e o navegador Mozilla Firefox.

O próximo passo foi passar aos usuários o que estava acontecendo e o porquê da migração. Enfatizando também o motivo de se utilizar o Software Livre. Nessa etapa procurou-se mostrar quais as vantagens que o software Livre tem em relação ao Software Proprietário, tais como segurança, desempenho, falou-se um pouco sobre as licenças que regem tanto o Software Livre quanto o Software Proprietário, passando valores de multas e licenças, e então dando alguns exemplos, para que nesse primeiro contato se pudesse ganhar alguns simpatizantes, pois isso poderia ajudar mais tarde, durante a migração.

Agora partindo para a parte de utilização dos softwares, foram reunidos grupos não muito grandes para explicar a utilização dos softwares mais comuns, como por exemplo, o editor de textos e planilhas, é interessante que cada usuário tenha uma máquina para acompanhar os itens passo a passo. As dúvidas foram tiradas na hora para não caírem no esquecimento ou ficarem sem sentido num momento mais a frente. As dúvidas que surgiam eram expostas aos demais, pois essa poderia ser a dúvida de um outro usuário mais adiante.

A substituição dos sistemas da instituição ocorreu de forma gradual e direta. De que forma? A instituição é subdividida em várias seções, cada seção com efetivos de 5 a 8 pessoas, dentro de cada seção foram sendo substituídos os sistemas, máquina por máquina, de forma direta, ou seja, pegava-se a máquina, fazia-se o backup dos dados do usuário, formatava-se e instalava o novo sistema. Foi cogitado, mas não se achou interessante, manter a máquina em dual-boot, tendo em vista que o usuário não teria interesse em usar o novo Sistema Operacional, ou assim que surgisse qualquer dificuldade já seria motivo para reiniciar a máquina e usar o outro sistema. O objetivo era que assim que surgisse alguma dúvida fosse procurado o suporte para sanar a dúvida, o que chamamos de suporte assistido.

De uma em uma as máquinas foram tendo seu Sistema Operacional substituídos, assim como as dúvidas que surgiam eram tiradas. O que foi interessante perceber é que em pouco tempo usuários com mais experiência, ou que já tinham passado pelo problema, estavam ajudando os outros que tinham dificuldade.

Um impasse que houve era com relação as máquinas com um hardware com uma configuração fraca, como Pentium 133 e k6-500 por exemplo, algo em torno de 20 máquinas. O openSUSE é uma distribuição estável, mas precisa de uma configuração mínima para rodar.

Como não havia verba para substituir as máquinas mais fracas e a ideia era usar uma única distribuição nos desktops, optou-se por comprar uma máquina mais robusta e configurá-la como servidor de terminais, essa máquina foi configurada usando openSUSE 10.2, com Linux Terminal Server Project (LTSP) e hoje tem em torno de 20 (vinte) terminais ligados a ela.

Outro impasse que aconteceu foi com relação a alguns programas feitos para plataforma anterior, que não foi possível fazê-los funcionar no Linux, nem com ajuda de emuladores, como por exemplo, o Wine. Neste caso a máquina continuou com o sistema que estava até que fosse criada uma solução, que no caso foi a migração do software para plataforma web, tão logo ocorreu a migração do software, ocorreu também a migração do sistema operacional.

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Páginas do artigo
   1. Resumo / Introdução
   2. Migração
   3. Delimitação / Metodologia
   4. Desenvolvimento
   5. Conclusão
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Comentários
[1] Comentário enviado por maganhati em 18/09/2009 - 10:03h

Cara,

Muito bom este artigo!

Trabalho em uma prefeitura, e surgiu a idéia de migrar a plataforma para Linux, mas não sabia por onde começar.
Numa tentativa anterior, o outro técnico não teve sucesso, e acabou ficando como está. Mas estou animado pra tocar este projeto para frente!

Seu artigo é de grande utilização para todos da comunidade. Sempre que se fala em migrar para Linux os usuários já ficam com um pé atrás, fazem careta e tal... rsrsrs


Valeu Abraço!

[2] Comentário enviado por fisicorj em 18/09/2009 - 11:20h

Uma migração bem planejada não causa sustos.
O capital Humano deve ser levado em consideração, pois é o principal. O que eu faço antes de uma migração é colocar software livre para rodar no SO proprietário e habituar meu usuário a usar esses programas. Quando parto para mudança do SO muitos problemas de aceitação já estão resolvidos. O treinamento também é muito importante, principalmente da equipe técnica envolvida.

[3] Comentário enviado por pinduvoz em 18/09/2009 - 18:40h

Relato interessante, mas que merece um reparo.

O que o Linus criou foi apenas o kernel, que era o que faltava para completar o sistema operacional livre que vinha sendo desenvolvido pelo Projeto GNU, da Free Software Foundation (FSF/Richard Stallman).

Quando surgiu o Kernel Linux, o Projeto GNU, da FSF, estava, e ainda está, desenvolvendo seu próprio kernel, o Hurd.

Como não se podia usar o restante do Sistema GNU sem um kernel, assim como também não se podia usar apenas o kernel criado pelo Linus, o casamento entre os dois gerou o GNU/Linux.

Em suma, sem o GNU, o Linux era inútil. E sem o Linux, o GNU também era.

[4] Comentário enviado por evandromolski em 18/09/2009 - 19:33h

opa, tem razão pinduvoz, obrigado pela correção

[5] Comentário enviado por brunogarcia69 em 19/09/2009 - 10:06h

Usuário sempre reclama e raramente sabe alguma coisa.
Agora funcionário tem que usar e usa o que tem e não poderia e não podem reclamar!
Um exemplo notório disto são os bancos que tem os soft mais anti usuário possível e todos os milhares de funcionários bancários usam sem reclamar nada!
Digo isto pois sempre é uma queixa de que apesar de ser a mais pura mentira divulgada pela M$, sempre ouço que linux é difícil e ruim, não faz tudo que o concorrente faz, não é bonitinho e engraçadinho e nem tem, imagina você, vírus !!! Como viver sem vírus??? Que absurdo!!!
Tanta gente que não sabe usar nada de nada, nem no windows, muito menos configurar uma simples impressora que vem encher meus ouvidos dizendo que Linux é ruim e nem sabe por que!!! Ouviu isto de outro ainda mais ignorante que só sabe jogar e acha que computador e video game!
Desculpe o desabafo, mas estas pessoas choronas que só usam um navegador, msn com figurinhas ridículas, um editor de texto ( e só sabem usar no máximo 10% dos recursos) e quando muito uma planilha como se fosse um banco de dados ( que logo se perdem e não acham mais nada) vem me disser que Linux não presta que é difícil!!!
Como podem afirmar que não sabem usar o Linux se nem tentaram ou viram um e sequer sabem usar windows ou mesmo a seu celular ou uma simples calculadora ???
Linux difícil? Diga isto para meu filho de 4 anos que usa Linux desde os 2,5 anos!!!

[6] Comentário enviado por Teixeira em 19/09/2009 - 15:52h

Já por duas vezes fiz comentários quanto à feliz e bem sucedida iniciativa de uma prefeitura dos arredores do Rio de Janeiro em implantar o Linux, e em ambas as vezes fui corrigido pelos colegas, no sentido de que não apenas essa, porém MUITAS E MUITAS outras, tiveram sucesso absoluto na implantação de software livre.

Ora, se VÁRIAS tiveram sucesso e outras não, então deve haver alguma falha em algum lugar, não é mesmo?
Do hardware não é, do software também não.
Sobrou aquela peça que fica colocada entre a cadeira e o teclado, e que emperra qualquer sistema, qualquer planejamento, tudo.
O pior virus que possa existir é a má vontade, a ineficiência, o preconceito.

Estranho a afirmação de que a Caixa esteja migrando para software livre, de vez que nem mesmo o que é proprietário (plataforma Windows) funciona direito.
Deve ser problema de "goto performado" (o equivalente informático da "rebimbela da parafuseta").
Aí a coisa não funciona e o culpado será o Linux?

Tenho observado que nós brasileiros sentimos uma inexplicável necessidade de uma "computação recreativa", mesmo que isso crie sérios embaraços à parte funcional.

-Email: Todos sabemos que é muito mais producente enviar e receber email em texto plano.
No entanto, a maioria dos usuários prefere fazer trafegar pacotes enooooormes em html.

-Scraps do Orkut: Mais uma prova de que por aqui adoramos entulhar a web com lixo de toda espécie. Dessa forma não há broadband que dê jeito...
Não é sufuciente mandar uma simples mensagem (do tipo "oi, eu te amo!"): O negócio é enviar aquelas mensagens prontas, animadas, cheias de detalhes gráficos, e que levam um tempão para carregar.
Estamos usando cada vez menos a nossa capacidade de pensar e até mesmo de nos expressarmos.

HTML na construção de sites: "Ora, html está ultrapassado!". Então o negócio é copiar-e-colar os templates e os scripts que andam por aí pela web afora (seja html, css, etc.) ou fazer no Frontpage e outros que tais (sai horrível, mas não dá trabalho, não é)?

Existem muitos outros exemplos, mas esses já são mais que suficientes.

Infelizmente a preguiça mental, associada à picaretagem e à politicagem, vem assolando este país com uma velocidade assombrosa.

Acho que estamos perdendo o incentivo de exercitar nosso dom de raciocínio, em favor de apertar algum botão virtual ou de copiar coisas já mastigadas, por vezes insípidas, por vezes com o sabor amargo da ignorância e do desleixo.

Resumo da ópera:

Dá para migrar SIM, e deve migrar no sentido de conseguir os reais objetivos funcionais (e não apenas os recreativos).
Cada caso será diferente dos demais, pois as empresas sempre têm personalidades próprias. No entanto, tudo aquilo que é de natureza pública deveria por definição ser econômico, funcional e objetivo - e padronizado.
O "dever migrar" pode ter em seu bojo a opção de continuar tudo em plataforma proprietária, e essa opção deve realmente ser considerada.
No entanto, há de se considerar como prioritária a portabilidade dos arquivos produzidos, e nesse quesito é totalmente contraproducente que uma plataforma proprietária não dê suporte a um formato aberto.

Ainda ontem demos entrada em uma vasta documentação oficial onde foram exigidos todos os documentos em formato .doc , .rtf etc.
E eles simplesmente ignoram o que seja .odf

Então não adianta migrar, se o antigo ranço continua.

[7] Comentário enviado por cagesan em 22/09/2009 - 15:45h

Muito bom o artigo!

Mostra que se houver um interesse e apoio das repartições publicas em implementar soluções livres para sistemas pagos, é possível.

Podendo desta maneira fugir dos softwares proprietários, que hoje aumentam cada vez mais as despesas do Poder Publico, com implementações como esta do Evandro, poderemos redirecionar os cifras gastas com softwares proprietários para outras finalidades em prol das instituições publicas.

parabéns pela iniciativa

[8] Comentário enviado por jlmc1 em 17/09/2010 - 19:59h

Sou militar e trabalho na seção de informática do meu Batalhão, e em cumprimento ao plano de migração do Exercito Brasileiro, em 1 (um) ano foi migrada todas as maquinas de Windows para Linux Ubuntu. Esse processo se deu primeiramente com a substituição das ferramentas offices ( msoffice para broffice) e depois a substituição do sistema de Windows XP para primeiramente para a distribuição Kurumin 7 e depois para Ubuntu sendo uma distribuição mais amigável que permite ate a utilização de temas parecidos com o Windows facilitando uma maior aceitação do usuário. Tudo foi planejado para que a migração acorresse de uma forma suave e tranqüila com inicialmente problemas de resistência dos usuários, mas superadas pelas facilidades que a ambiente desktop Linux trás na atualidade nos tornando uma das poucas unidades do Exercito Brasileiro a migra 100% para Linux sendo que a seção de informática já teria migrado a mais de 5 (cinco) anos utilizando a distribuição Debian. Resultado disto:
0 (ZERO) problemas de vírus perda de arquivos formatação de computadores queda se serviços da rede sendo os servidores Linux mais leves e robustos.


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