
Teixeira
(usa Linux Mint)
Enviado em 06/10/2013 - 19:30h
Edinaldo, "aqueles pequenos LPs de 45 RPM" eram simplesmente chamados de compactos.
Lembro que alguns comercias que lançavam bandas/músicas diziam no final do "reclame": À venda em "long play" e compacto.
A qualidade sonora dos "compactos" (45 RPM) sempre foi superior à dos LPs (33 RPM).
Compactos em geral, no padrão norteamericano, tinham um furo central de 1 polegada (do tamanho de nossa atual moeda de R$ 0,25), bem maior que o furo normal dos discos fonográficos.
Porém o disco ideal era o de 78 RPM "inquebrável", pois quanto maior a rotação, maior a fidelidade sonora.
Isso no entanto fazia aumentar o tamanho e a espessura do disco, o que fazia com que aumentasse também a quantidade de material empregado em sua confecção, elevando os custos (*).
Havia um "pulo do gato" para compensar os ruídos (chiados, estalos, etc.) introduzidos pelo atrito entre a agulha e o disco propriamente dito:
Ampliavam-se os sons do topo dos agudos e depois aplicava-se uma forte atenuação nessas frequências com o sinal de polaridade inversa.
Isso cancelava esses ruídos, pois como sabemos, a sobreposição dos canais A e B com polaridades opostas resulta na inaudibilidade de cada um desses canais - esse é, aliás, o princípio que tornou possível o Karaokê.
A curva resultante dessa atenuação é que é chamada de R.I.A.A., a qual é patenteada e tudo o mais.
Aqui no Brasil, optou-se por diminuir a rotação dos compactos para 33 RPM (a mesma velocidade dos LPs) e alargar o passo do corte, fazendo com que se pudesse colocar "mais som" sem distorcer.
E isso também propiciou o lançamento dos "compactos duplos", com duas faixas de cada lado.
Da mesma forma que os CDs e DVDs, ha uma certa distorção com referência aos sinais gravados naquela parte que fica mais próxima do centro, já que ali o espaço fica mais "apertado".
A indústria fonográfica resolveu o problema através de uma técnica de torno chamada de "passo variável", onde:
- Sinais gravados mais próximos do centro exigem maior velocidade radial;
- Ao fazer uma gravação, próximo à cabeça de corte existe uma segunda cabeça, onde o sinal chega algumas frações de segundo mais cedo. Quando o sinal chega aí muito forte, essa cabeça faz com que o passo do torno aumente proporcional e imediatamente, fazendo com que o corte não se sobreponha jamais à linha gravada anteriormente.
VOCÊ SABIA?
- Discos fonográficos não tem cor: O polímero é mais ou menos transparente, podendo no entanto apresentar falhas na coloração.
Então acrescenta-se a ele um corante chamado "Negro de Fumo" (que é o mais comum), ou outro corante de outra cor;
- O disco-matriz é gravado de um lado só, face por face.
Em seguida, é feita uma fôrma galvânica, e dessa fôrma um molde de níquel, através do qual será feita a prensagem dos discos;
- No processo de prensagem, entra na prensa uma bolachinha de plástico pouco maior que o rótulo do disco, com cerca de 0,5cm de altura, e que após prensada assume a altura do disco final.
Os dois rótulos já fazem parte do processo de prensagem a quente: Eles não são colados!
- Um LP tem geralmente 30,5cm de diâmetro, o que equivale mais ou menos a 12".
Porém, com o esforço necessário para a prensagem, é normal que os moldes vão crescendo um pouco; Dessa forma, ninguém estranhe se o disco que tivermos em mãos tiver 31cm ou até mesmo um pouco mais.
- Nenhum disco é gravado "ao contrário". Para que consigamos tal efeito, temos de trabalhar na fita-mãe, e não no disco ("master blank").
- Os "master blanks" são feitos de alumínio, sobre o qual é depositado um filme à base de acetato de butila, o qual tem de ter qualidade suficiente para aguentar o corte micrométrico e submeter-se posteriormente ao processo de galvanoplastia.
Cada fabricante tem seus segredos para conseguir um produto de qualidade, e por essa razão são pouquíssimos os fabricantes mundiais desse material.
Se o material não tiver qualidade, será comprado uma única vez, e nunca mais.
- No princípio doas gravações fonográficas, a gravação era feita "a seco", ou como dizemos "à vera", e orquestra e cantores agiam todos juntos, ao mesmo tempo em que se gravava uma matriz em cera de carnaúba.
Como a coisa era "pra valer", se alguém errasse, "já era"...
Hoje em dia, existem edições e mais edições, facilitando bastante o trabalho.
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(*) Na verdade, os altos custos de uma obra fonográfica não tem muito a ver com "matéria prima", e sim com "direitos" os mais diversos, e uma tremenda margem de lucro estimado, previsão de encalhes, etc., enfim, coisas próprias de marketing.
(**) A palavra
forma (ô) está grafada com acento circunflexo, apenas para não ser confundida com o vocábulo
forma (ó).
Nenhum desses vocábulos, graças a essa bendita unificação (reforma, sei lá o que), tem mais o indispensável acento que os distinguia.