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GNU/Linux, para acessar um dispositivo de disco é necessário antes montá-lo em um diretório do sistema. O processo de montagem consiste em tornar o dispositivo acessível para o usuário.
Vamos tomar como exemplo simples um disquete. O dispositivo de disquete é /dev/fd0. Entretanto, se você colocar um disquete no drive e tentar acessá-lo através de /dev/fd0, você não conseguirá:
# cd /dev/fd0
bash: cd: /dev/fd0: Não é um diretório
Você precisa, antes, montar o disquete:
# mount /dev/fd0 /media/floppy
# cd /media/floppy
# ls
doc.tar.bz2 linux-apostila.sxw lost+found ROTEIRO_divisao.doc
Com o comando mount nós informamos ao sistema operacional para permitir o acesso ao conteúdo do disquete através do diretório /media/floppy/. Dessa forma, o conteúdo desse diretório passa a ser o contéudo do sistema de arquivos do disquete.
Isso torna possível utilizar várias partições como se eles fossem uma só. Por exemplo, podemos utilizar uma partição separada para gravar os dados do diretório /home/:
# mount /dev/hda5 /home
Agora, quando gravarmos alguma coisa no diretório /home/, ela será gravada na partição /dev/hda5, e não na mesma partição em que está o sistema de arquivo raiz /. A utilidade disso é bem clara: se por acaso acontecer algum problema e o sistema operacional for corrompido, basta formatar a partição principal e reinstalar o sistema, sem mexer na partição /dev/hda5, que contém o diretório /home/.
Utilizando o mount
O mount é o utilitário usado para montar sistemas de arquivos. Seu uso é simples:
# mount -t [sistema de arquivos] -o [opções] [dispositivo] [ponto de montagem]
- sistema de arquivos: aqui devemos informar qual o sistema de arquivos utilizado no dispositivo ou partição que se deseja montar. Pode ser ext3, ext2, reiserfs, xfs, vfat, jfs, minix, etc. Se você não souber o sistema de arquivos utilizados, experimente a opção auto;
- opções: várias opções podem ser utilizadas aqui. Algumas delas:
- ro: monta a partição no modo somente leitura, não sendo possível fazer alterações no sistema de arquivos do dispositivo;
- rw: monta a partição no modo de leitura e escrita, permitindo fazer alterações no sistema de arquivos;
- loop: utilizada para montar sistemas de arquivos gravados em arquivo;
- noexec: não permite a execução de programas que estejam gravados no sistema de arquivos do dispositivo;
- noatime: não grava informações sobre data do último acesso nos arquivos;
- nodev: não permite a criação de dispositivos no sistema de arquivos do dispositivo;
- nosuid: não permite a criação de arquivos com o bit SUID ligado.
- dispositivo: é a partição, disco ou arquivo que deseja acessar;
- ponto de montagem: é o diretório a partir de onde queremos acessar o dispositivo.
Alguns exemplos de uso:
# mount -t vfat /dev/fd0 /media/floppy
Monta um disquete (/dev/fd0) usando sistema de arquivos FAT (vfat) em /media/floppy/.
# mount -t reiserfs /dev/hda5 /backup
Monta a partição /dev/hda5 usando sistema de arquivos ReiserFS em /backup/.
# mount -t ext3 -o noexec,noatime /dev/hda7 /home
Monta a partição /dev/hda7 usando sistema de arquivos EXT3 em /home/, sem permissão de executar programas (noexec) e gravar informações sobre data do último acesso (noatime).
# mount -o loop debian-br-cdd.iso /mnt/loop
Monta o arquivo ISO (imagem de CD) debian-br-cdd.iso em /mnt/loop/.
umount
O umount, como o nome sugere, é o comando que utilizamos para desmontar o sistema de arquivos, ou seja, desconectá-lo da máquina, tornando-o novamente inacessível.
Em sistemas de arquivos pequenos, como em disquetes, a gravação dos arquivos só ocorre de fato depois de executado o umount. Isso quer dizer que não importa que você tenha copiado vários arquivos para o seu disquete, eles só serão de fato gravados quando você desmontá-lo através do comando umount, ou utilizar o comando sync.
Seu uso é bem simples:
# umount [dispositivo ou ponto de montagem]
Como você pode ver, pode-se especificar tanto o dispositivo quanto o ponto de montagem. Assim, se você montou um dispositivo com o comando mount /dev/fd0 /media/floppy, por exemplo, você poderá desmontá-lo tanto com umount /dev/fd0 como com umount /media/floppy.
O fstab
Existe um arquivo que podemos utilizar para gerenciar a montagem de dispositivos. Esse arquivo é o /etc/fstab.
Nele encontram-se as entradas dos sistemas de arquivos que são montados durante a inicialização do sistema, juntamente com outros sistemas de arquivos que são montados com freqüência.
Uma utilidade do fstab é permitir montar sistemas de arquivos com o mount utilizando apenas um parâmetro. Como exemplo, vamos ver como fica o comando para montar um disquete no diretório /media/floppy/:
# mount -t auto /dev/fd0 /media/floppy
Agora, abrimos o /etc/fstab e adicionamos a seguinte linha:
/dev/fd0 /media/floppy auto rw,noauto 0 0
Agora, para montar a unidade de disquete, basta o comando:
# mount /dev/fd0
Ou
# mount /media/floppy
O que é bem mais simples.
A estrutura do fstab
Vamos analisar a estrutura do fstab:
# cat /etc/fstab
# /etc/fstab: static file system information.
#
#
proc /proc proc defaults 0 0
/dev/hda2 / reiserfs notail 0 1
/dev/hda5 none swap sw 0 0
/dev/hda1 /mnt/windows vfat rw,user,gid=100,umask=000 0 0
/dev/hdd /media/cdrom0 iso9660 ro,user,noauto 0 0
/dev/fd0 /media/floppy0 auto rw,user,noauto 0 0
Cada linha do fstab é chamada de entrada. Cada entrada é composta de seis informações, dispostas na seguinte ordem:
- sistema de arquivos: é a partição que se deseja montar;
- ponto de montagem: diretório onde a partição será acessada;
- tipo: Tipo do sistema de arquivos utilizado pela partição que se deseja montar;
- opções: as opções usadas no sistema de arquivos, separadas por vírgula. As opções utilizadas juntamente com o parâmetro -o do comando mount são válidas aqui, e também algumas outras, tais como:
- defaults: utiliza as opções padrão de montagem;
- noauto: não monta o sistema de arquivos automaticamente na inicialização do sistema. Deve ser usado em disquetes, CD's e outros dispositivos removíveis;
- sync: usado para discos removíveis, como disquetes e Zip drives, para que os dados sejam gravados imediatamente na unidade, de forma que não seja necessário usar o comando sync ou desmontar o disquete para que os dados sejam gravados;
- user: permite que o usuário comum possa montar o sistema de arquivos. Sem essa opção, somente o administrador de sistema, o usuário root, pode realizar a montagem.
- dump: especifica a freqüência de backup feita com o programa dump no sistema de arquivos. O valor 0 desativa o backup;
- ordem: define a ordem em que o sistema de arquivos é verificado na inicialização do sistema. O valor 0 desativa a verificação. O valor 1 deve ser definidio sempre para o sistema de arquivo raiz /.
Para ver uma lista completa das opções do fstab, veja as páginas de manual:
$ man fstab