Campos no LibreOffice: usos e abusos

Uma introdução ao uso de campos no LibreOffice com algumas aplicações como mala direta, referências, datas e variáveis.

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Por: Bruno Rafael Santos em 12/01/2012 | Blog: https://cutt.ly/4H7vrPh


Referências bibliográficas



Fiz questão de colocar este por último, porque sei que muita gente precisa dele e porque muitos deixarão de ler por causa do título.

Quem já fez um trabalho científico, sabe como é chato administrar referências bibliográficas. Além das normas da ABNT ou da revista em questão, você tem que administrar todas as alterações que existem no texto e garantir que tudo fique certinho no corpo e nas referências. Essa é a parte mais difícil.

Existem programas para isso, mas o LibreOffice oferece uma solução, um tanto limitada talvez, mas que pode quebrar um belo galho. Esta parte do artigo tem duas versões. A primeira trata de como o sistema funciona. A segunda sugere algumas modificações mais pessoais que pode torná-lo mais útil a longo prazo e adequado às necessidades mais específicas.

Usando as normas do LibreOffice

Para inserir uma referência bibliográfica usamos uma das várias opções do menu 'Inserir':
  • Menu --> Inserir --> Índices --> Entrada Bibliográfica
Linux: Campos no LibreOffice: usos e abusos

As opções são simples,.basta selecionar a citação que deseja em 'Nome Abreviado' e clicar em 'Inserir'. É possível inserir quantas citações forem necessárias. O painel fica aberto o tempo que for necessário, então é possível inserir as referências para o texto todo.

Dica: É possível editar os campos de citação como se faz com os outros, mas é pouco recomendável, pois veremos que isso trás problemas depois.

Depois de feitas as referências, vamos transformá-las em um índice automático:
  • Menu --> Inserir --> Índices --> Índices e Sumários
Linux: Campos no LibreOffice: usos e abusos

O procedimento e as opções são idênticas às de inserção de sumários. Basta selecionar 'Bibliografia' para ter acesso às opções específicas:

Entradas de Números:

- Transformam as citações no texto em citações numéricas.

Parêntesis:

- São os separadores das citações. Na ABNT se usam parêntesis mesmo.

Classificar:

- A forma como serão ordenadas as citações.

As demais abas oferecem opções diversas de formatação. A 'Entradas' é a mais importante. Quem já se acostumou com o recurso de inserir Sumários entende de cara como isso funciona. A coluna 'Tipos' mostra os tipos de publicação, e cada item em 'Estrutura' é um pedaço da referência (autores, título, revista, apud...).

É possível inserir formatações específicas para cada elemento editando o Estilo de Caractere a ele associado.

Dica: Na norma ABNT, por exemplo, o nome da revista ou jornal deve vir com ênfase. Se for um livro ou monografia, a ênfase fica no título e assim por diante. Por isso uma configuração de estrutura para cada tipo.

A forma de apresentação das referências pode ser personalizada editando o estilo 'Bibliografia 1'. Outras modificações podem ser feitas em 'Entradas', mas exigem que entendamos como o LibreOffice armazena as citações.

Dados de referências

O LibreOffice já vem com um banco de dados para armazenar as referências bibliográficas e também já vem com algumas, foram elas que utilizei acima. Agora podemos pensar em cadastrar nossas próprias referências. Infelizmente neste recurso, a ajuda do L.O. deixa a desejar.
  • Menu --> Ferramentas --> Banco de dados bibliográficos
Linux: Campos no LibreOffice: usos e abusos

No sistema, além de consulta, é possível inserir dados no banco bibliográfico padrão. Notem que ele separa tudo com a intenção de colocar tudo junto, cada um seguindo sua norma, depois quando for montar o índice. Isto torna o sistema do LibreOffice altamente personalizável e flexível, mas é terrivelmente complexo.

Minha sugestão é a seguinte:
  • Crie seu próprio banco de dados bibliográficos.
  • Emule o banco do L.O. no seu usando Exibições.

No banco de referências que montei para mim, usei tabelas e relações para criar um banco de dados que possa receber referências de todo tipo. O processo todo exige saber usar o 'Base', então se pretende entrar nessa, sugiro uma longa consulta ao "F1", alguma noção de SQL ajuda. Aqui darei uma explicação rápida.

Meu banco de dados possui duas tabelas. 'Artigos' guarda uma lista dos artigos do banco de referências, contém o título (chave primária) e a data. A tabela citações contém o título (chave externa) e chamada no texto, a referência bibliográfica completa (chave primária) e a norma de citação em curso (ABNT 2002/....).

A terceira tabela é uma cópia da tabela do LibreOffice e está ali para servir de referência. Então digamos, estou escrevendo um artigo com as normas do IGEO.UFRJ. Então crio uma exibição usando a tabela do LibreOffice como referência e substituo alguns itens pelos das minhas tabelas, preservo os nomes usando aliases e uso filtros ocultos para que ele separe as citações que quero usar das demais.

Assim tenho uma versão personalizada da tabela do LibreOffice que ele lê sem problemas. Como eu disse, é chato pra caramba montar o sistema, mas depois ele funciona sem grandes complicações.

Existem algumas dores de cabeça que devem ser levadas em consideração:
  • A exibição em si tem que ter a estrutura exata da tabela original do LibreOffice.
  • O L.O. precisa saber o tipo da publicação, mesmo que você acabe usando só um campo para colocar tudo. Por isso é bom ter a tabela original ou inserir alguns campos a mais nas tabelas que você criar para emular este efeito.
  • Cuidado ao criar sua exibição. Misturar relações, aliases, filtros e três tabelas distintas em uma única saída pode resultar em uma exibição com um número infinito de linhas que fará o Writer/Base travar.
  • Algumas configurações da exibição podem torná-la extremamente lenta. Noções de SQL evitam muita dor de cabeça nessa hora.
  • Preste atenção na forma como o LibreOffice lê a tabela original dele. Alguns campos como 'identifier' são usados para tornar o sistema fácil de usar. Deve levá-los em consideração no seu planejamento.

Superados estes problemas na configuração do banco de referências, basta ir em: 'Ferramentas --> Bando de Dados Bibliográficos --> Editar --> Escolher Fonte de Dados', para configurar o novo banco. Basta selecionar a exibição e ver se ele aceita.

Se sair tudo bem, o resto é bem simples, basta configurar o único campo, da única coluna do único tipo de publicação para ser a norma geral de referência bibliográfica, lá em 'Entradas' (quando se cria o índice). Agora é só usar. Ufa!

Problemas e mais problemas

A forma como o LibreOffice faz as citações, agora é o nosso problema. Para fazer uma citação simples, basta jogar os nomes da coluna chamadas (que agora deve ser o identificador) no texto e colocá-los entre parêntesis, já que a maior bondade do sistema é manter tudo arrumadinho no final. Entretanto alguns problemas surgem com a prática:

Citações Contextuais:

- Para quem desconhece o jargão, 'Citações Contextuais' são aquelas citações: "Segundo Fulano et al. (2010)...". Neste caso a chamada padrão do identificador provavelmente será de uma 'Citação Não-Contextual': "Fulano et al., 2010". Editar o campo faria com que cada campo editado seja considerado uma citação distinta o que colocaria tudo por água abaixo nas referências.

A solução é inserir a citação normalmente e usar o atributo 'Texto Oculto' para dar um sumiço nela e usar um texto normal para citar contextualmente.

Enfases:

- As ênfases 'et al.' e outras coisas exóticas como os 'apuds', tem que ficar de fora da norma ou do banco de dados, pois os campos podem ser formatados, mas fragmentos deles estão fora de alcance. Edições de fragmentos de texto podem ser feitas nos índices se eles forem editáveis.

A minha proposta então, é usar o sistema de citações apenas para renderizar as referências e inserir citações normalmente, mas pode ser contraprodutivo se você só usar isso eventualmente.

Mas para inserir referências numéricas, o LibreOffice é show de bola, pois ele automatiza o processo mais chato do mundo que é colocar as referências na ordem em que elas ocorrem. Campos no LibreOffice.
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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. Sobre campos e tipos
   3. Mais campos
   4. Mala direta e documentos em massa
   5. Referências bibliográficas
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Comentários
[1] Comentário enviado por levi linux em 12/01/2012 - 11:53h

Excelente artigo. Li seu outro artigo intitulado "Monografia com o OpenOffice: Estilos de Parágrafo e Página", também é excelente, não conhecia muito sobre o recurso Estilos. Parabéns, favoritado, 10!

[2] Comentário enviado por julio_hoffimann em 12/01/2012 - 14:34h

Oi Bruno, parabéns pelo artigo!

Por favor continue desmitificando a idéia de ser o LibreOffice uma suite inferior. :-) Escreva mais artigos e dicas sobre o software, a comunidade carece de tutoriais dedicados. E claro, se possível colabore com a documentação do projeto, existem várias maneiras para isso. ;-)

Outro ponto que precisa atenção da comunidade é a central de modelos: http://templates.libreoffice.org/template-center Se cada profissional com experiência na suíte compartilhasse um modelo de alta qualidade, a migração seria bem mais produtiva.

Abraço!

P.S.: Seu artigo foi postado na comunidade OpenOffice.

[3] Comentário enviado por removido em 12/01/2012 - 20:44h

Excelente tutorial!

Concordo com os colegas! Muito bom!
Muita coisa que apresentou, sequer sabia que se podia fazer no LibreOffice.

Parabéns!

[4] Comentário enviado por santosbrc em 16/01/2012 - 12:26h

Que bom que gostaram, ainda tenho que passar esse texto para uns amigos que estão esperando por essas instruções, o pessoal lá da empresa e afins.
Eu também não conhecia muitas funções, só a da mala direta, que foi a inspiração, e a dos campos de data. As outras, eu fui testando e escrevendo, fiz tudo em uma tarde. Por isso que no das referência bibliográficas tem pouca coisa, usei pouco o recurso, somente vislumbrei suas possibilidades.


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