A gerência da miséria

Este é meu primeiro artigo, trata-se de uma visão geral da situação que vivemos com endereços IPv4 e a adoção do protocolo IPv6 em um futuro próximo.

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Por: Pietro Scherer em 04/12/2013


A solução



Previsto para a metade de 2014, a escassez de endereços IPv4 no LACNIC (organização regional responsável pela distribuição de endereços IP na América Latina e Caribe), pode ter como solução, a adoção da nova versão do protocolo IP, o IPv6.

Composto de 2^128 (340.282.366.920938.463.374.607.431.768.211.456) endereços possíveis, além de melhorias em segurança e implementação, é a única maneira de fugir da falta de números IP da grande rede.

O novo protocolo é, na verdade, velho. Seu projeto teve início em 1994, e embora finalizado em 1998, nunca foi implantado definitivamente, porque na época, ainda não sofríamos da falta de endereços (embora isso já fosse previsto).

Para a adoção do novo protocolo IP, é necessário que uma gigantesca migração mundial ocorra, e isso pode demorar anos para acontecer de forma total. As versões 4 e 6, apesar de fazer parte do TCP/IP, não comunicam-se entre si, necessitando tempo, planejamento, estudos e outros recursos para que a mudança realmente aconteça.

Para isso, muitas técnicas de transição foram inventadas com o propósito de se adequar a diferentes tipos de situações diante desta migração. Dentre essas técnicas, podemos citar a Pilha Dupla (Dual Stack), no qual há uma coexistência entre os dois protocolos, até que haja a migração total, mesmo sem prazo definido.

Há outras técnicas, como por exemplo: 6to4, 6over4, Tunnel Broker, ISATAP, entre outras.

Além da grande capacidade de endereçamento, há outras características que chamam a atenção no IPv6, como a presença do mecanismo de segurança IPSEC, que torna mais segura a viagem dos pacotes pelos mais diversos roteadores na Internet, melhorias na formação do cabeçalho do pacote, que agora tem tamanho fixo, suporte a cabeçalhos de extensão caso necessário, entre outros.

O NAT e a subdivisão de endereços IP em classes, não vai existir no IPv6, portanto, teremos em prática o conceito do modelo fim a fim, no qual se propôs a Internet nos seus primórdios.

A maneira de como os endereços são representados mudou, e agora são formados por duo-octetos com caracteres hexadecimais, totalizando assim, os 128 bits do protocolo v6.

Exemplo de endereço IPv6: 2001:0DB8:0000:0000:130F:0000:0000:140B

Conclusão

Com base em estudos, podemos concluir que estamos no início de um período de migração do protocolo IPv4 para IPv6. Ainda estamos vivendo a chamada "gerência da miséria", devido à falta de números IP para delegar aos nossos hosts.

Com a adoção do IPv6, estes problemas acabam, e vamos ter endereços por muitos e muitos anos, sem precisar quebrar a cabeça "escovando bits", para que uma rede de computadores funcione perfeitamente.

Para quem se interessar pelo assunto, já existe bastante material sobre IPv6 em:
Obrigado a todos e, por mais que seja um artigo simples com uma visão geral sobre IPv6, espero que gostem.

Referências


"A persistência é o menor caminho para o êxito"
Charles Chaplin

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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. A solução
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Comentários
[1] Comentário enviado por /bin/laden em 04/12/2013 - 11:51h

Vale à pena aplicar isso a uma LAN?

[2] Comentário enviado por pietro_scherer em 04/12/2013 - 11:59h

Eu acredito que não seria questão de valer a pena, mas sim de necessidade pela falta de endereços IPv4 que estamos enfrentando. Se estiver precisando de endereços IP, a solução é migrar.

[3] Comentário enviado por tchaikovsky em 04/12/2013 - 18:28h

Valeu o artigo. Parabéns. E o site www.vivaolinux.com.br tem planos, no curto prazo, de adotar o protocolo IPV6?

[4] Comentário enviado por Buckminster em 05/12/2013 - 17:09h


[1] Comentário enviado por /bin/laden em 04/12/2013 - 11:51h:

Vale à pena aplicar isso a uma LAN?


Para implementar o IPV6 em uma LAN atualmente você precisará ter tudo funcionando com IPV6 e IPV4.

O maior problema atualmente é que as grandes operadoras não estão fornecendo endereços IPv6. Mesmo você configurando o modem/roteador e o computador para tal, ainda assim poderá não conseguir acesso aos sites via IPv6. Algumas operadoras fornecem IPv6, mas seus DNSs não resolvem esses endereços e mesmo fazendo um tunelamento, ainda assim conseguirá acesso a alguns sites apenas. Além do que, o tunelamento IPv6 faz cair bastante o desempenho da navegação, pois a sua conexão passará por mais um provedor além da sua operadora.

Praticamente você teria que implementar um DNS externo com IPV6.

Mas não precisa se preocupar, a migração para o IPV6 está acontecendo gradativamente. Com o tempo será tudo IPV6 e só precisaremos adaptar os DNSs, internos e externos, e os DHCPs.

Veja isto:
http://www.vivaolinux.com.br/artigo/IPv6-DNSv6-e-DHCPv6/?pagina=1

[5] Comentário enviado por ricardoolonca em 06/12/2013 - 13:30h

Caros, muito bom tocar nesse assunto.

Estou escrevendo uma série de artigos sobre IPv6 e em breve vou publicá-los aqui no VOL.

Quanto ao DNS, se você usa Bind9, ele já tem suporte ao IPv6. Portanto, bastaria incluir um registro do tipo AAAA para o teu site. Se um site tem pilha dupla, por padrão, os servidores DNS repsondem primeiro com o IPv6, e depois com o IPv4, mesmo se o cliente não tem suporte ao IPv6. Quanto ao DHCP, dependendo de como for a tua rede, nem vai ser preciso usar.

Quanto ao desempenho, não é tão ruim assim. A pior solução é usar Teredo, mas mesmo com ele dá prá fazer uns ajustes. Agora, não sei por que as operadoras não fornecem IPv6 como padrão.

O grande problema é implantar o IPv6 em redes que não possuem suporte. Meu roteador, por exemplo, não tem suporte nativo. Há várias técnicas de tunelamento e tradução, cada uma com suas vantagens e desvantagens.

[6] Comentário enviado por pietro_scherer em 06/12/2013 - 13:56h


[5] Comentário enviado por ricardoolonca em 06/12/2013 - 13:30h:

Caros, muito bom tocar nesse assunto.

Estou escrevendo uma série de artigos sobre IPv6 e em breve vou publicá-los aqui no VOL.

Quanto ao DNS, se você usa Bind9, ele já tem suporte ao IPv6. Portanto, bastaria incluir um registro do tipo AAAA para o teu site. Se um site tem pilha dupla, por padrão, os servidores DNS repsondem primeiro com o IPv6, e depois com o IPv4, mesmo se o cliente não tem suporte ao IPv6. Quanto ao DHCP, dependendo de como for a tua rede, nem vai ser preciso usar.

Quanto ao desempenho, não é tão ruim assim. A pior solução é usar Teredo, mas mesmo com ele dá prá fazer uns ajustes. Agora, não sei por que as operadoras não fornecem IPv6 como padrão.

O grande problema é implantar o IPv6 em redes que não possuem suporte. Meu roteador, por exemplo, não tem suporte nativo. Há várias técnicas de tunelamento e tradução, cada uma com suas vantagens e desvantagens.


Realmente Ricardo, o caminho tem muitos obstáculos, mas as coisas só mudam se alguém mudá-las.
Estou no aguardo dos teus artigos.

[7] Comentário enviado por thiagoteklamatik em 18/12/2013 - 11:20h

Olá

Só uma dúvida:Voce está se referindo a Lan ou a Wan?

Voce começa falando de lan, depois de falta de ips no mundo,não ntendi

[8] Comentário enviado por pietro_scherer em 18/12/2013 - 11:28h


[7] Comentário enviado por thiagoteklamatik em 18/12/2013 - 11:20h:

Olá

Só uma dúvida:Voce está se referindo a Lan ou a Wan?


Eai Thiago, estou me referindo no geral. Quando for feita a implementação com IPv6, teremos que abrangir a LAN também, porque não existirá mais o NAT que no IPv4 é de 1:N. O IPv6 explora bem o conceito "fim-a-fim" do modelo Internet.


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